domingo, 25 de março de 2012

Aqui, agora, de todo coração. Como fazer a escolha mais delicada da vida ?

            Escolher é difícil. Pergunte a um psicólogo e ele vai explicar por que gente obrigada a optar entre uma coisa e outra – qualquer que sejam essas coisas – sente ansiedade. Isso acontece em lojas de sapato, em restaurantes, na porta do cinema e até no sexo. Uma amiga me contou outro dia como foi estar numa festa e ter dois homens sedutores dando em cima dela. “Tive de escolher um deles, mas com um aperto no coração”, ela me disse. No dia seguinte, o bonitão que ela escolheu caiu no vácuo e nunca mais deu notícias. Escolher, ela aprendeu, é abrir mão de alguma outra coisa - e as consequências podem ser irreversíveis. Infelizmente para nós, nem todas as escolhas são tão simples quanto a do sexo na balada. Penso na escolha mais delicada que a gente faz na vida, aquela que envolve os parceiros de longo prazo. Em que momento concluímos que uma pessoa deixou de ser apenas item de prazer ou fonte de encantamento e se tornou a criatura com quem vamos dividir a vida? Pode ser casando, comprando apartamento e tendo filhos, ou, de forma menos ritualizada, pondo os sentimentos e necessidades dela no centro da nossa vida, mesmo vivendo em casas separadas.
           O compromisso é parecido, assim como os caminhos que levam a ele. A primeira coisa que conta nas grandes escolhas – eu acho - é a permanência. Ninguém tem direito a reivindicar um posto dessa importância sem ter ralado um tanto. Não adianta a Fulana decidir, em 30 dias, que vai ser sua mulher para o resto da sua vida. Não funciona assim. O teste do tempo é fundamental. Se aquela mulher ou aquele sujeito continua lá depois de todas as discussões e inevitáveis desencontros, se ela ou ele resolveu ficar depois de todas as chances de ir embora, se os seus sentimentos em relação a ele ou ela continuam vivos, um bom motivo há de haver. Para que as coisas funcionem no longo prazo é essencial haver lealdade. Eu cuido, eu protejo, eu respeito – e você faz o mesmo comigo. Se você não sente que seus sentimentos e a sua vida são importantes para ele ou para ela, desista. Como o ambiente lá fora é hostil, é essencial saber que no interior da relação existe cumplicidade e abrigo, com um grau elevado de honestidade: você diz o que pensa e isso vai ajudar, ainda que doa. É impossível prometer que coisas ruins jamais irão acontecer, é falso garantir que os sentimentos permanecerão os mesmos para sempre, mas é essencial olhar nos olhos do outro e sentir a disposição de tentar, verdadeiramente, que seja assim. Aqui, agora, de todo o coração, tem de ser para sempre – ou então a gente nem começa.É essencial, também, que a experiência de convívio seja boa. Amores tumultuados dão bons filmes e péssimas vidas. É essencial acordar no sábado e ter vontade de ficar mais tempo na cama, enrolado naquele ser ao seu lado. Se a conversa antes de dormir deixou de ser gostosa ou se qualquer programa parece mais interessante do que a companhia dela ou dele, para que insistir? O prazer que o outro proporciona é essencial. Prazer de transar, prazer de olhar, prazer de ouvir, prazer de simplesmente estar. Se você caminha pela rua com ela e os dois são capazes de rir um com o outro, algo vai bem. Se você passa a tarde com ele no sofá, lendo ou transando, e o dia parece perfeito, eis um bom sinal. A felicidade não tem receita, mas a gente percebe quando está funcionando.
         Se tudo isso existir – e não é fácil – ainda fará falta um quarto elemento, essencial ao equilíbrio duradouro das relações: os planos. Se ele que ter cinco filhos e você não quer ser mãe, não vai rolar. Se ela quer levar uma vida de viagens e aventura e o seu sonho é ficar aqui mesmo, perto das famílias e dos amigos, não deu. Viver bem pressupõe afinidades essenciais de gosto, sentimento e expectativas, sem falar de ideologia. Todas essas coisas se refletem nos planos. Eu penso no amor como um voo de longa distância. O avião precisa estar carregado com o tempo da relação, com o prazer que ela proporciona e com a lealdade em que ela está baseada – mas as pessoas ainda têm de concordar sobre o destino. Se eu quero ir à Tóquio e você à Nova York, precisamos embarcar em vôos diferentes.

                                                                                                          Ivan Martins.

segunda-feira, 12 de março de 2012

A beleza das coisas mais simples

       Hoje, mais precisamente a minutos atrás, observava a beleza e a simplicidade da lua e junto com a  observação e admiração, pensando o quanto a correria, as tarefas diárias e a bomba de coisas supérfluas que nos é emitido,  não nos permite a contemplação de uma coisa tão simples, tão bela. Com reflexões e contemplando essa lua tão linda, vejo o quanto as coisas que mais importam nessa vida são vistas com desdém, sem muito valor, sentimentos banalizados, presenças pouco valorizadas. Esses aspectos remete muito a vida. Engraçado, a vida uma dádiva do criador, a obra mais bem feita e bem mais (in)definida, de um modo geral ela é vista sob um viés de fragilidade, algo que requer cuidado, esmero e uma série de outras coisas, no entanto, o que fazem e como vivem, não condizem com seus ideais e projetos, contraditório não.? A vida hoje é vista na ótica do espetáculo, do imediatismo, um simulacro, mais precisamente. Vive mais feliz quem tem olhos e ouvidos capazes de ouvir e enxergar  o canto amoroso da simplicidade. É nas miudezas que tudo aquilo que realmente importa se revela com maior nitidez.

sábado, 3 de março de 2012

Vínculo Inédito



"O tecido do vínculo é o real entre dois organismos humanos. Trata-se, antes de tudo, de uma característica da espécie humana, uma realidade feita de "sentires" (feelings), emoções em sua maioria inconscientes, mas também conscientes, de sensorialidades que nada têm de especificamente analíticas, inclusive na sessão anaítica. O que faz vínculo entre dois humanos são os alicerces que um se liga ao outro e que o vínculo se estabelece ou não. É aí que a transferência se entrelaça."

                                                    Radmila Zyguoris